![]() Morte esperada e anunciada.📜 CRÔNICA — "O Último Ato" - Na sala de espera da vida, somos todos pacientes. - Uns mais ansiosos, outros distraídos, alguns esperançosos de que o fim seja apenas um boato. - Há quem diga que a morte é uma senhora pontual, que não atrasa nem se adianta. - Outros, mais íntimos dela, a descrevem como uma visita sem hora marcada, que entra sem bater e, por vezes, sem se despedir.
- Pensamos na aposentadoria, nas viagens dos sonhos, na faculdade dos filhos, no casamento dos netos. - Planejamos festas, jantares, reformas. - Mas raramente planejamos como desejamos partir. - Evitamos o tema como se o silêncio pudesse nos conceder a imortalidade.
- E então vem ela — vestida de hospital, envolta em fios, monitores, máscaras e protocolos. - Por vezes, disfarçada de esperança inútil, com médicos e familiares tentando adiar o inevitável.
- Mas e se, ao invés disso, escolhêssemos partir com dignidade? - Com serenidade? - Ao som de uma música que amamos, entre palavras de afeto e não sob alarmes de UTI? - Será utopia desejar uma morte humana?
- A verdade é que a morte nos espera. - Cabe a nós decidir como queremos recebê-la: se com resistência desesperada ou com a calma de quem cumpriu seu papel. ---
✍️ MINICONTO — "A Última Assinatura"
- Dona Lídia tinha 87 anos e uma lucidez impressionante. - Na gaveta da cômoda, entre fotos amareladas e cartas de amor, havia um envelope azul. - Dentro, uma folha escrita à mão: "Diretivas Antecipadas de Vontade".
- No hospital, após um AVC, ela não falava mais. Mas seu documento falava por ela. - Nada de intubação, nem ressuscitação. - Apenas cuidados paliativos e o direito de morrer em paz.
- No silêncio do quarto, sua neta leu em voz alta o que a avó havia escrito anos antes: “Quero morrer olhando o céu. - Que seja com dignidade, sem dor, e sem que ninguém precise se culpar.”
- E assim foi. - A morte veio, não como inimiga, mas como amiga respeitosa que bateu à porta certa.
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🎭 TROVA — "O Tempo da Despedida" (7 estrofes, rima estilo abab)
Quero a morte como um sono, Sem apito ou alvoroço, Sem batalha, sem abandono, Com um toque calmo e doce.
Não desejo fios nem máquinas, Nem socorros sem razão, Quero flores, vozes plácidas, Um silêncio em oração.
Se a ciência não me salva, Não me façam prisioneiro, Minha alma já se lavra Na canção de um tempo inteiro.
Quero adeus sem sofrimento, Sem mil tubos, sem engano, Mais amor que procedimento, Mais afeto que um plano.
Já vivi, já fui estrada, Já plantei, já fui jardim, E se a vida for chamada, Que me leve até o fim.
Quero um leito junto à janela, Com memórias na parede, Que o vento leve a novela E a saudade não me excede.
Morrerei como quem sabe Que o viver foi pleno e bom, E que a morte é só a chave Que abre o último portão. ---
📚 RESENHA ENUMERADA — “Como Você Quer Morrer?”
1. Tema central: A reflexão sobre a morte como parte inevitável do ciclo da vida, e a urgência de tratá-la com a dignidade merecida.
2. Tese principal: Apesar dos avanços médicos, a vida artificialmente prolongada em casos irreversíveis muitas vezes só aumenta o sofrimento. - É preciso refletir sobre o fim com consciência.
3. Destaque ético e legal: O texto diferencia claramente a recusa de intervenções extraordinárias da prática da eutanásia, proibida no Brasil, e mostra que as diretivas antecipadas são legais e legítimas.
4. Crítica à cultura médica: Médicos são treinados a lutar contra a morte, e não a aceitá-la. - Essa visão impede que decisões compassivas sejam tomadas a tempo.
5. Apelo ao público geral: Convida o leitor a pensar sobre como quer morrer e a deixar claro aos familiares e médicos suas vontades em caso de morte iminente.
6. Linguagem clara e acessível: O texto utiliza uma linguagem direta, emocional e informativa, aproximando o leitor do tema sem recorrer ao sensacionalismo.
7. Conclusão contundente: Defende que só haverá mudança real quando todos, profissionais ou não, aceitarem a morte como parte da vida — e planejar o fim, como se planeja a vida, for um ato de amor. ---
📖 CORDEL — “O Direito de Morrer em Paz”
Num país tão buliçoso Com a morte tão presente A pergunta mais teimosa Se repete, persistente: “Você quer morrer lutando Ou num tempo coerente?”
Morrer pode ser surpresa, Como raio em céu azul, Mas às vezes ela avisa Com um toque quase sutil. E a gente, feito cego, Finge que não viu o sinal.
Na UTI a dor se estende, Máquinas fazem barulho, A alma já vai distante, Mas a ciência faz orgulho. Ressuscita a carne fraca, Mas destrói o conteúdo.
Já passou da hora exata De deixar de empurrar dor. De escrever, com calma e letra, Como deseja o leitor. Se quiser partir sereno, Assine isso com amor.
Médico não é soldado Numa guerra sem razão. Pode ser também humano Com ternura no coração. Pode sim dizer: “Basta! Vamos só dar proteção.”
Essa história tem sentido Se pensarmos no final. Viver é bom, mas não é Obrigação imortal. E morrer com dignidade É direito universal. ---
🧠 CONCLUSÃO FINAL
- Falar sobre a morte é, paradoxalmente, um exercício de vida. - Quem reflete sobre o fim, valoriza mais o agora. - Saber que somos finitos nos obriga a sermos mais humanos, mais afetivos, mais presentes.
- Escrever, declarar e planejar como se deseja morrer não é desistência, mas coragem. - Coragem de poupar a si e aos seus entes queridos de sofrimentos evitáveis. - Coragem de aceitar o inevitável com lucidez e serenidade. Coragem de dizer “basta” quando a vida já cumpriu seu ciclo. ---
💥 FRASE SÍNTESE IMPACTANTE
“A morte é certa — o sofrimento não precisa existir nos suspiros finais da vida." (By: # Lbw-IA, Pirahystrasse, Beckhauserparadiesecke, Oma, Joinville-SC, em 30/jun/2025, segunda-feira.) Beckhauser
Enviado por Beckhauser em 30/06/2025
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