![]() Crônica Marcante "O que fazemos com o que fizeram de nós" - Somos frutos, sim — frutos das sementes lançadas por mãos que sequer conhecemos. - Raízes invisíveis que se aprofundam muito além da nossa memória, ligando-nos aos gestos, escolhas e silêncios de nossos antepassados. - A língua que falamos, os medos que carregamos, as crenças que nos vestem: quase tudo, no início, foi herdado.
- Mas eis a tragédia — e o milagre: um dia, percebemos. - O espelho não mente: somos o que fizeram de nós… mas não apenas isso.
- Porque há aquele momento silencioso, íntimo, irreversível: o instante em que, olhando para o que somos, ousamos perguntar: posso ser diferente?
- É aí que nasce o sujeito. - Quando, entre os muros que nos deram, encontramos uma fresta de luz. - Não nos basta repetir, imitar, carregar — queremos recriar.
- Por isso, criei meu próprio termo, um neologismo que representa a superação de todas as moldagens: "Autoholoconhecimentoconsciencialpolidimensional" — a busca consciente, permanente e ampla do conhecimento em todas as dimensões do ser.
- Sim, não nego o que me fizeram. - Mas também não me contento com isso.
- Como dizia Sartre, “todo homem é o que faz com o que fizeram dele”. - A frase não é um conforto, é um convite — e uma responsabilidade.
- Seguimos, então, plantando sementes que também moldarão outros frutos. - Porque o tempo não para, nem a vida, nem a consciência.
- O conhecimento nos liberta — e, paradoxalmente, também nos aprisiona, ao revelar a extensão da nossa responsabilidade e ignorância. - Mas entre a prisão confortável da ignorância e o abismo desafiador da consciência, escolho o abismo.
E sigo.
Laércio Beckhauser = #LBW
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Miniconto Filosófico e Real
-:Um homem caminhava sozinho por um bosque. - A certa altura, encontrou uma árvore imensa, antiga, com raízes grossas que rompiam a terra.
- Encostou-se nela e, como quem desabafa com um amigo, disse:
— Tudo o que sou é culpa dos outros: dos meus pais, da escola, da cultura, do país…
- O vento soprou entre as folhas. - O homem ouviu como se a árvore lhe respondesse:
— Sim… mas e o que você fez com isso?
- O homem silenciou. - Olhou para os galhos, para o tronco e para as raízes que se espalhavam — e, pela primeira vez, percebeu: aquela árvore estava ali porque, com tudo o que recebeu do solo e do céu, escolheu crescer.
- Então, ergueu-se, ajeitou o chapéu e caminhou adiante. ---
Nove Trovas — Rima perfeita, estilo abab.
1.
A vida é um fio entrelaçado, Por mãos antigas se teceu. Mas sigo livre, desatado, Refaço o traço que nasceu.
2.
Da língua herdada faço arte, Com novas letras, nova cor. Reinvento o verbo em cada parte, Buscando a essência e seu valor.
3.
A cultura é cárcere e estrada, Nos molda e prende com vigor. Mas quem conhece a própria jornada Rompe o portão e vai sem dor.
4.
O homem é fruto e é semente, Carrega o ontem com razão. Mas planta o hoje consciente, Criando o rumo da estação.
5.
Heranças pesam, são correntes, Mas quem as quebra é quem venceu. E o ser, com asas resilientes, Se ergue acima do que recebeu.
6.
Por isso, sigo, sem temores, Na busca ampla e sem final. Autoholoconhecedor de amores, Da consciência polidimensional.
7.
Se a língua foi-me imposta um dia, Hoje crio vocábulos meus. A liberdade é poesia, Que nasce forte entre os meus eus.
8.
O inconsciente me conduz, Mas não aceito o seu domínio. Transformo a sombra em minha luz, E o medo em força de caminho.
9.
E ao refletir o que serei, Respondo firme ao grande apelo: Sou mais que tudo que herdei, Sou o autor do meu novelo.
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Resenha — Enumerando os tópicos
1. Frase central: A reflexão parte da máxima de Sartre: “Todo homem é o que faz com o que fizeram dele”.
2. Determinismo e liberdade: A vida nos molda, mas podemos transcender esse molde.
3. A língua como herança: Recebemos uma linguagem antes de termos consciência — e ela nos condiciona.
4. Ruptura e reinvenção: O momento essencial é aquele em que ousamos criar nossa própria palavra, nosso próprio caminho.
5. Neologismo como símbolo: O termo “Autoholoconhecimentoconsciencialpolidimensional” representa essa busca ilimitada.
6. O papel do inconsciente: Ele nos marca, mas não nos determina totalmente.
7. Responsabilidade: Não podemos culpar indefinidamente o passado; cabe a nós transformar o legado recebido.
8. Conhecimento como ambivalência: Ele é ao mesmo tempo libertação e prisão, pois amplia a consciência e a responsabilidade.
9. Síntese existencial: A vida é um convite à criação de si mesmo, superando condicionamentos e assumindo a autoria do próprio destino. ---
Conclusão
- O que fizeram de nós é inegável: somos linguagem, cultura, sistema, herança. Mas o que fazemos com isso é a chave de tudo. - A liberdade começa no instante em que assumimos essa responsabilidade, recusando-nos a ser meros produtos do passado.
- Criar palavras, conceitos e caminhos próprios é um ato de coragem e de amor à própria existência. - O conhecimento total pode ser inalcançável, mas a busca por ele é o que dá sentido à nossa travessia.
- Ser livre, afinal, não é negar as raízes — mas escolher, com consciência, o rumo dos próprios galhos. ---
Frase Síntese:
- "Não sou apenas o que fizeram de mim — sou o que faço com o que fizeram de mim." (By: #Lbw-IA, Pirahystrasse, Oma, Beckhauserparadiesecke, Joinville-SC, em 01/jun/2025, domingo.) Beckhauser
Enviado por Beckhauser em 01/06/2025
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