Primeiro Olhar
Olhei pra ti, fitei firme teu olhar
E o riso bailou calidamente em teus lábios.
Extasiou-me tanto que comecei a sonhar
E fui dominado por pensamentos sábios.
Não tenho idade... não tens idade
Pra amar-nos?! Tenho, talvez em demasia.
Esta foi a causa que senti a realidade
Que sublimou (por ti) especial simpatia.
Falei. Sim, te falei não ser diplomacia
Falar com franqueza, falar só verdade,
Fosse isto juízo ou sabedoria.
Vários são os problemas da mocidade
Uns complexos e difíceis, outros mania
Porém todos são problemas desta idade.
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Florianópolis - SC - 1970
Suely (Acróstico)
Singelo sorriso nos teus lábios a bailar
Ululante crepúsculo que me exprime
Embevecendo um mirífico luar.
Linda donzela, teu fulgor sublime
Intensifica meu anélito sem par.
Foste a estrela d'alva que ilumina
Uma obscura parte que no meu ser habita.
Maná fulgente igual uma fonte cristalina,
Intraduzível ser que casa vez mais excita
Como o sol, quando no poente declina.
Odorífera criatura, traz-me a esperança
Comovente que ofusca até a morte;
Atrae-me como o âmbar a uma criança
Imanente portadora de boa sorte,
Orquídea almiscarada de bonança.
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Florianópolis , SC - 1970
Sinos de Natal
Calmos sinos tangem na matriz...
Um toque... mais um... surge eterna lembrança.
Estrugem agora nos trazendo a esperança
De um próximo ano venturoso e feliz.
Eis cá uma prece, uma oração...
Rezar, que belo rezar pensa o lírico;
Maldiz os sinos intolerante o satírico,
Pois empedernido está seu coração.
Quer sejam pedidos causando-no sorte,
Tudo se acaba, pois nada é cabal,
Até blasfêmias chamando a morte.
Estes sinos inefáveis de saudade,
São os sinos, belos sinos de Natal,
Incognoscíveis de infinita ansiedade.
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Florianópolis - SC - 1970
Mírian és Afável
(Acróstico)
Mírian, que suave esplendor cintilante
Inspira o riso nos teus lábios a bailar.
Realças minha imaginação cada instante
Inédito, que penso formar contigo um par.
Âmbar amenizante de toda comoção
Nascida de um coração enamorado.
És em resumo um éden em perfeição,
Saudosa sempre serás, meu bem amado.
Ao ver-te senti mais nobre e forte,
Fiquei, para falar, com receio ou medo,
Absoluto foi o amor que me coube em sorte.
Vendo-a, levei, entretanto, ao lábio o dedo
E, tenho certeza que nosso amor não terá morte
Longínqua, pois já não há entre nós segredo.
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Florianópolis - SC - 1970
CAPRI
Talvez seja essa uma novidade
Talvez seja até algo sobrenatural.
Mas digo, quem vê leva saudade
Desta obra totalmente imortal.
Belas são as noites de luar
Nesta digna e ilustre paragem,
Onde a lua se empenha no sereno mar
Que deixou a muito de ser selvagem.
Cá tudo é alegria, tudo comoção
Quer fixando o mar ou o firmamento
Que nos oferta mirífica visão.
Realização indelével até pelo vento
Que chora ao ver tal perfeição.
Inafável por nós, neste momento.
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Florianópolis - SC - 1970
Sentimento íntimo
Sinto algo que me faz adormecer.
É estranho, extenso, vasto e enorme.
Com palavras não mais sei dizer
Aquilo que no íntimo há muito dorme.
Dá-me até momentos dúbios de espanto,
Tornando-me assim pouco ardiloso.
Então chego a sonhar e no entanto
No belo mundo do sonho sou medroso.
É algo psicodélico ou algo que reluz
A glória passageira de uma ilusão,
Que a todos atraí e a todos seduz.
Sentimento íntimo de um coração
Que a paz procura, pois só ela nos conduz
Ao mundo fantástico da solidão.
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Florianópolis - SC - 1970
FELICIDADE
